A Guiné-Bissau vai encerrar as fronteiras com a Guiné-Conacri devido ao
surto de Ébola neste país. Esta é uma das medidas do programa de emergência
sanitária face ao surto anunciado esta terça-feira pelo primeiro-ministro
Domingos Simões Pereira no mesmo dia em que a Organização Mundial da Saúde
(OMS) deu luz verde para o uso de terapias e vacinas não testadas em seres
humanos contra a doença.
“Os ministérios da Defesa e do Interior têm instruções para tomar as medidas necessárias para efectivar o encerramento de fronteiras”, anunciou Domingos Simões Pereira em conferência de imprensa, citado pela Lusa. A Guiné-Bissau está entre o Senegal, a Norte, e a Guiné-Conacri, a Sul. A medida também terá em conta as zonas de passagem entre os dois países.
Fonte: Notícias do Norte
“Os ministérios da Defesa e do Interior têm instruções para tomar as medidas necessárias para efectivar o encerramento de fronteiras”, anunciou Domingos Simões Pereira em conferência de imprensa, citado pela Lusa. A Guiné-Bissau está entre o Senegal, a Norte, e a Guiné-Conacri, a Sul. A medida também terá em conta as zonas de passagem entre os dois países.
Segundo Domingos Simões Pereira não há nenhum caso suspeito na
Guiné-Bissau. Mas os últimos dados da OMS mostram que a epidemia, que afecta
também a Libéria, a Serra Leoa e a Nigéria, continua a aumentar: já infectou
1848 pessoas e matou 1013.
Também esta terça-feira, a OMS admitiu o uso de terapias e vacinas
experimentais para o combate ao ébola. Dada a dimensão do surto e não havendo
tratamentos legais, o painel de ética da OMS que se reuniu na segunda-feira
“chegou a um consenso de que é ético oferecer intervenções que ainda não foram
comprovadas com eficácia e efeitos adversos desconhecidos, como um potencial
tratamento ou prevenção” do ébola, lê-se numa declaração.
A OMS definiu ainda critérios para o uso destes tratamentos como a
“transparência sobre todos os aspectos de cuidado [médico], o consentimento
informado, a liberdade de escolha, a confidencialidade, o respeito pela pessoa,
a preservação da dignidade e o envolvimento da comunidade”.
Mas a mudança não será, para já, uma resposta definitiva. O stock do único
tratamento para já administrado a três pessoas, o ZMapp, é mínimo. “Têm menos
de uma dúzia de doses”, disse Fadéla Chaib, porta-voz da OMS, citada pela
Reuters. A empresa que produz este soro, a norte-americana Mapp
Biopharmaceutical, disse também que já tinha esgotado as doses.
O ZMapp ainda só foi administrado a dois norte-americanos, que contraíram a
doença na Libéria, e a um padre espanhol que morreu ontem. Nancy Writebol,
missionária de 60 anos, e Kent Brantly, médico de 33 anos, foram repatriados
para Atlanta, nos EUA, e o seu estado de saúde está a melhorar, segundo a AFP.
No entanto, sem ensaios clínicos em humanos, não se sabe a real eficácia do
medicamento.
A presidência da Libéria anunciou que vai receber algumas doses do soro
experimental. Segundo Lewis Brown, ministro da Libéria, dois médicos deram o
consentimento para receberem o ZMapp, avança a Reuters. A presidência liberiana
disse ainda num comunicado que o envio do soro foi aprovado pela Casa Branca e
a FDA (a agência que controla os medicamentos nos EUA). Mas um responsável do
Departamento de Saúde norte-americano assegurou à Reuters que Washington se
limitou a mediar os contactos entre o Governo liberiano e a Mapp
Biopharmaceutical.
Além da Mapp Biopharmaceutical, há outros potenciais tratamentos a serem
desenvolvidos por outras empresas. A farmacêutica inglesa GlaxoSmithKline quer
também iniciar os ensaios clínicos de uma vacina contra o ébola já em Setembro,
juntamente com o Instituto Nacional das Alergias e Doenças Infecciosas, dos
Estados Unidos. Para isso, terão de receber o aval da FDA. A vacina introduz um
vírus com dois genes do ébola. Segundo o instituto, “este vírus não se replica
nas células”, mas as proteínas do ébola são expressas e o sistema imunitário
pode criar uma resposta imunitária. “A vacina mostrou ser promissora quando foi
testada num modelo primata”, lê-se no site do instituto. Se tudo correr bem,
poderá ser aplicada já em 2015.
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