sexta-feira, 26 de agosto de 2016

ITÁLIA: SISMO DESTRUIDOR QUE VITIMOU MUITAS PESSOAS

A natureza manifesta-se, frequentemente, de forma imprevisível, mediante fenómenos diversos, muitos dos quais se traduzem em catástrofes de grande dimensão, deixando a sua marca na dor, na destruição e na insegurança, reveladoras das dificuldades do homem prever, combater e mesmo minimizar os seus efeitos. 

São disso exemplo os sismos/terramotos, como foi o caso do sismo de magnitude 6,2 na escala de Richter que sacudiu o centro de Itália na madrugada desta quarta-feira.

De acordo com as notícias veículadas por orgãos de informação, foi divulgado que Amatrice e Accumoli são as localidades mais afetadas na região central de Itália e..."que há pelo menos 73 vítimas mortais... Trata-se, no entanto, de um balanço provisório: o número de vítimas "sobre de hora a hora", lamentou o ministro italiano das Infraestruturas, Graziano Delrio,..."..."e há várias dezenas de desaparecidos e muitas crianças perderam a vida".

"O terramoto, que ocorreu às 03:36 (02:36 em Lisboa), a sudeste de Norcia, cidade da província de Perugia, na região da Umbria, teve o epicentro a dez quilómetros de profundidade, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), que monitoriza a actividade sísmica mundial. O sismo foi seguido de diversas réplicas de 5,5 e 4,6 e 4,3, perto de Amatrice e de Norcia, e a principal, de 6, sentiu-se em Roma, a aproximadamente 150 quilómetros de distância. Há relatos de que o abalo tenha sido sentido desde Rimini, no centro norte, até Nápoles, no sul de Itália. Mais de uma centena de réplicas foram registadas até às primeiras horas da manhã. O cenário é desolador na região: casas completamente arrasadas, localidades inteiras soterradas nos escombros."

Este sismo que ocorreu na Europa, poderia ter tido lugar em Lisboa, na América do Sul ou do Norte, ou em África, como foi o caso recente da ilha do Fogo...poderia ocorrer em qualquer cidade  que se localize onde o posicionamento das placas tectónicas, seja favorável a tal ocorrência, pois é nestas áreas que existe a maior incidência de tremores de terra, sobretudo quando há o choque entre uma placa e a outra.
"As zonas sísmicas, por definição, podem ser entendidas como as áreas onde acontecem os terremotos com maior frequência, isto é, as regiões do planeta mais geologicamente instáveis e mais susceptíveis à acção dos agentes internos ou endógenos de transformação do relevo."
  
São estas situações de risco potencial conhecido, que colocam a necessidade de se fazer o melhor para que os serviços de Protecção Civil de cada país, em particular os mais expostos, se organizem mediante formação do seu corpo operacional, se apetrechem com meios adequados, realizem acções de divulgação dirigidas às populações, em particular nas escolas, acções que se inscrevam num programa que tenha suporte politico e assim possam existir condições efectivas para minimizar  os efeitos de catástrofes como a referida.


Por: Renato Costa

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

FLORESTAS, FOGOS, MIOPIA

Todos os anos, milhares de hectares da floresta portuguesa ardem. Portugal não tem uma visão e não implementa uma política adequada à dimensão e importância do seu património florestal. Tem vindo a destruir serviços cuja competência na área florestal era, ainda, mesmo que com escassez de meios, uma garantia e um suporte na protecção e gestão destes recursos. Nesta visão míope e incompetente se inscrevem, quer a ausência de uma política florestal que tenha em conta a valorização e a sustentabilidade da floresta portuguesa, quer a extinção dos Serviços Florestais, serviços com um passado, experiência e saber, como era o caso do seu corpo de guardas florestais. Este erro está patente, em particular, no abandono da limpeza das florestas, na ausência de uma rede viária florestal que assegure a sua compartimentação (muitas zonas não permitem o acesso das viaturas dos bombeiros), na perda da rede de vigilância e intervenção permanente, rápida e decisiva, que, na pessoa dos mestres florestais, enquadrados por engenheiros silvicultores, era assegurada. Hoje, os fogos iniciam-se, frequentemente, em zonas inacessíveis, o combate inicia-se tardiamente, com pessoal, meios e condições que conduzem à catástrofe que se conhece, sendo que se criaram, sim, condições favoráveis à ocorrência de incêndios florestais e à fragilidade do seu combate. Sem uma política florestal adequada à floresta portuguesa, sem planeamento e ordenamento florestal, sem instituições, meios e corpo técnico competente, o quadro de fogos, áreas ardidas e perdas associadas, a que assistimos nestes últimos anos, continuará.

Autor: Renato Costa