quarta-feira, 21 de junho de 2017

PORTUGAL: INCÊNDIO EM PEDROGÃO GRANDE PROVOCA PERDAS E DANOS AVULTADOS

Fonte: http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article125606&ak=1



















A tragédia que está em curso em Portugal, decorrente de incêndios florestais que, anualmente, ocorrem com dimensão inquietante, tem como referência Pedrogão, pelas consequências que teve a nível do número de mortos e feridos.


A intervenção no combate a esse, como aos restantes fogos, mais de uma centena no total, realizada por intermédio dos diversos serviços e operacionais, em particular a Proteção Civil, GNR e Militares...apoiados por milhares de residentes locais, os que mais diretamente sofrem as consequências dessa catástrofe, foi e está sendo notável, contando, inclusive, com apoio aéreo de países amigos.

A questão, senão a mais importante, mas decerto de importância fundamental e decisiva para prevenir este tipo de catástrofe, conjugada com outras devidamente equacionadas, realistas e operativas, tem sido debatida, é conhecida, mas não conhece soluções que a prática revele eficazes. Porquê? é uma questão complexa, mas que urge resolver ou, no mínimo, melhorar. 

Trata-se, não da composição da floresta, a floresta que temos, com as espécies que a integram, é a nossa floresta, a que foi instalada e resulta da conjugação de fatores diversos, desde a dimensão da propriedade, da aptidão dos solos e do clima, da procura existente por parte das indústrias florestais instaladas no país e, até, da tradição da nossa história florestal...não reside aí o problema...essa é a matriz sobre a qual temos que intervir, ser competentes, elaborar medidas e possuir à vontade politica para levar à prática soluções adequadas.

Trata-se bem mais de fazer cumprir as medidas de prevenção de incêndios florestais em particular, a de limpeza de matos, sobretudo em situações de monocultura, (é enorme a carga de vegetação combustível) ... limpezas que junto às casas deve ser assegurada numa área adequada de segurança, que deve ser respeitada e garantida, devendo tudo isto ser objeto de fiscalização e de obrigatoriedade.

Trata-se, ainda de dispor de uma rede de aceiros e de acessos em zonas florestais contínuas (os pequenos proprietários deviam ser apoiados e conduzidos à criação de polígonos florestas com planos de gestão que incluam a rede viária).

Trata-se, igualmente, de dispor de um sistema de vigilância (já instalado com a cobertura de largas áreas).

Trata-se, ainda, por ser da maior importância, a necessidade de colocar os meios disponíveis na primeira intervenção, para por cobro no início ao fogo, tornando determinante a primeira intervenção como condição maior para evitar a propagação e a expansão incontrolada do fogo. Trata-se, repita-se, de assegurar total eficácia na primeira intervenção, associando à mesma todos os meios necessários, aéreos inclusive, para que a mesma seja eficaz e apague esse fogo inicial, cuja propagação em áreas imensas acontece quando tal não foi feito.

Acreditamos que, estas e outras medidas, corretamente pensadas, de acordo com a realidade existente, poderão contribuir de forma decisiva para que este tipo de catástrofe, ainda que sempre possa ocorrer, seja minimizada e as consequências em perdas de vidas e valores seja, sempre, a menor.


Autor: Renato Costa
Coordenador da Rede Temática Proteção Civil
União das Cidade Capitais de Língua Portuguesa